quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Falando em férias...







Mas por que falar de férias, quando para a maioria das pessoas ainda faltam alguns meses para este esperado período?

Bem, porque “coincidentemente” retorno ao trabalho hoje, depois de alguns dias de férias. E também porque assim temos bastante tempo para refletir sobre o assunto.
Viajei com a minha família, acompanhado do cunhado e sua esposa (aliás, ótimas companhias). Escolhemos Pernambuco como destino, mais precisamente Porto de Galinhas, um lugar realmente extraordinário. Das muitas experiências e aprendizados que tivemos nesta viagem, certamente algumas ficarão mais presentes, como a valorização da família e dos laços de amizade, os novos amigos de várias partes do Brasil que conhecemos por lá, assim como suas histórias e as do povo que tão bem nos acolheu.
Por isso, não concordo com generalizações pejorativas com características e comportamento das pessoas de determinadas regiões, pois não podemos comparar como “melhor” ou “pior” culturas e percepções diferentes. Precisamos antes conhecer o contexto em que estão inseridas. Da mesma forma como nas empresas é preciso entender a cultura organizacional para compreender como e por que as coisas acontecem de determinada maneira, antes de criticar ou sair fazendo mudanças.



Pensemos: naquela região do país o dia amanhece e também anoitece mais cedo. O ano inteiro é de calor e tendo uma pintura divina como pano de fundo, como o céu e o mar, é capaz de deixar qualquer um em estado de maior relaxamento. Estar relaxado combina com tudo isso. Perder um pouco a noção do tempo e do "tudo pra ontem" certamente faz parte disso. Aprendemos que devemos respeitar estas culturas e não compará-las.
E o que vimos dos profissionais que nos receberam foram características de um povo alegre, paciente, tolerante, disponível, sereno e hospitaleiro. Num dos restaurantes em que estivemos (Peixe na Telha), por exemplo, ao chegarmos com nosso filho Bernardo, de 8 meses no colo, já dormindo, logo fomos levados para um lugar com menos vento e pouco barulho e prontamente o garçom providenciou uma esteira de praia e toalhas para acomodarmos e cobrirmos o nosso bebê. Francamente não lembro de muitos lugares com este tipo de proatividade e preocupação com o bem-estar do cliente.
Outra atitude interessante foi da camareira do hotel (Pontal de Ocaporã), que diariamente arrumava o quarto deixando “esculturas” feitas com o sobre-lençol e flores novas todas as manhãs. O mesmo tipo de comportamento aconteceu com os garçons do hotel, o mensageiro, os guias, os motoristas, as recepcionistas, os vendedores ambulantes ou das lojas, os taxistas, enfim, os profissionais com quem tivemos contato.
Alguns, ao ler este texto, dirão algo do gênero: “Mas, se eles vivem disso, com certeza tem que receber bem os turistas, pois são treinados para isso”. Pois bem, conheço muitas cidades turísticas onde o bom atendimento e a simpatia são “favores” que nos fazem e, mesmo com treinamentos técnicos ou comportamentais, não têm estas qualidades como características mais marcantes.
Realmente temos muito a aprender sobre como lidar nossos clientes, independente do segmento em que atuamos. Em uma rápida analogia, não seriam nossos pontos de vendas ou escritórios “cidades turísticas”, “praias”, “parques”, dentre outras lugares, esperando de braços abertos pela chegada dos “turistas” (nossos clientes, motivo pelo qual estamos aqui), que vêm para conhecer nossas “atrações” (produtos e serviços) e ter uma experiência inesquecível, recomendando para todos e indo embora já com desejo de voltar?
Será que tratamos nossos clientes como turistas, que precisam de informações de qualidade, respeito, simpatia e de nossa disponibilidade em servir?
Experimente conversar com uma pessoa daquela região, mesmo a mais desprovida de condições financeiras (representada pela maioria da população) ou com aqueles que diretamente não ganharão nada com você, que certamente encontrará um sorriso no rosto e uma alegria de viver que não se encontra em qualquer lugar.

Cada ser humano é um livro cheio de histórias e subestimar as pessoas é um erro que não podemos cometer. No penúltimo dia, conhecemos um artista que vendia paisagens coloridas da região esculpidas em uma casca de uma planta nativa. A sua desenvoltura, humildade e conhecimento sobre os mais diversos temas, assim como o seu respeito para conosco, seus potenciais clientes, nos deixou muito impressionados.
Mas um fato importante que também trouxe na bagagem é em relação ao comportamento dos turistas, ou seja, ao nosso comportamento como cliente. Em geral, os visitantes estão mais dispostos e felizes. Tudo é novo e fora da rotina. Assim, as pessoas são mais abertas e simpáticas umas com as outras, cumprimentam e se importam em saber seu nome, de onde vêm, ou um pouco de sua história.
Parece que deixamos os problemas em nossas cidades, para nos vestirmos deles quando voltarmos. Talvez por isso nos entristeça tanto o retorno. Não conheço a fórmula certa, nem mesmo sei se existe alguma, mas não seria interessante se encontrássemos um lugar, um endereço qualquer (de preferência um que até esqueçamos onde fica), longe do trabalho e de nossos lares, para que deixemos nossos problemas, frustrações e mágoas bem guardados e esquecidos. Então poderíamos viver com nossa melhor essência, assim como vivemos em nossas férias. Talvez, assim, não precisaríamos esperar tanto tempo para termos dias mais leves e lembranças que valham a pena deixar bem expostas em nossos porta-retratos e em nossa memória.

Pode parecer utopia, mas não custa absolutamente nada tentar. Ah, e não se trata de querer ver o copo meio cheio ou meio vazio. Trata-se apenas de ver água nele.



quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Férias: um direito ou um dever?






A palavra Férias  provém dos dias da semana do calendário elaborado pelo imperador romano Constantino, no século III d.C., que os nomeou “feria” com o sentido de comemoração religiosa: “Prima feria, Secunda feria, Tertia feria, Quarta feria, Quinta feria, Sexta feria e Septima feria”. No século IV, ainda por influência da Igreja, “prima feria” foi substituído por “Dominicus dies” (dia do Senhor) e “septima feria” transformou-se em “sabbatu”, dia em que os primeiros judeus cristãos se reuniam para orar. A língua portuguesa foi a única a manter a palavra “feira” nos nomes dos dias de semana.

A nossa legislação trabalhista estabelece um mínimo de 20 ou 30 dias consecutivos por ano de férias (um direito conquistado junto com outros direitos dos trabalhadores, após as greves operárias do início do século XX na luta por melhores condições de trabalho, salários e garantias trabalhistas). Antes disso trabalhávamos 12 meses por ano, 6 dias por semana e 12 horas por dia. Alguns países (acredite) ainda não têm férias, como na China, onde as empresas param 10 dias por ano (sendo que 4 destes dias são feriados nacionais), e ainda dividindo em 3 períodos.
Porém, para nossa sorte, não temos o mandarim como idioma oficial. No Brasil o trabalhador deve gozar as férias necessariamente entre 12 e 24 meses decorridos desde data da sua contratação, ou desde as últimas férias. O objetivo das férias é proporcionar um período de descanso. Sendo assim, o trabalhador não pode se privar das férias nem por vontade própria e deverá consumir no mínimo 1/3 do período, o que, diga-se de passagem, é tempo suficiente para “desacelerar” e “respirar” um pouco.
Mas, além de um direito, também deveríamos tratar este tema como um dever. Primeiro, para conosco. Posteriormente para nossa família e até mesmo nossa empresa (colegas, fornecedores, parceiros, etc.),  uma vez que tendemos a liberar a mente para um pensamento mais livre e criativo, renovando as energias, fazendo com que voltemos com mais foco e cheios de novas ideias e que, portanto, sejamos muito mais produtivos e com melhor relacionamento interpessoal.
Sendo assim, por que tantas pessoas ainda se orgulham em dizer que há anos não tiram férias?
Podemos elencar alguns motivos:
Síndrome da Onipresença
Se você tem medo de que as coisas não vão sair do jeito que sairiam caso estivesse presente, você está certo. Pode ser melhor ou pior, mas nunca igual, afinal, as pessoas são diferentes e não tomam as mesmas decisões ou agem com o mesmo grau de prioridade e velocidade que você. Passe a se preocupar apenas se não cuidou de ter ao seu redor as pessoas certas, capacitadas e preparadas para dar continuidade nas atividades e nos processos necessários durante a sua ausência. Daí a importância de delegar e desenvolver sucessores. Vale lembrar: se você for insubstituível, jamais conseguirá alcançar postos mais elevados e assim crescer profissionalmente. Cuidado com a armadilha da centralização!
Medo do retorno
Com certeza, seu e-mail vai estar cheio de coisas que vão roubar um grande tempo para colocar em ordem quando retornar, talvez com um agravante: muitas destas coisas já vão estar resolvidas quando estiver lendo. Uma dica é usar as ferramentas do Outlook, como aviso de ausência temporária para informar quem será o responsável enquanto estiver fora e criar regras para aqueles e-mails onde estiver apenas copiado irem direto para sua caixa de arquivamento. Assim não farão parte dos e-mails prioritários a serem lidos.
Mesmo não sendo o mais indicado, na prática, mesmo em férias, pode acontecer de você acompanhar alguns assuntos importantes e acabar se mantendo conectado, de acordo com o cargo que ocupa na empresa (quanto mais alto este for, mais difícil é se desligar totalmente). Porém, uma dica é ter um pequeno período para fazer isso e assim não comprometer seu merecido descanso. Todos precisam que esteja muito bem quando voltar. Desta forma, aquelas questões que não podem esperar e só podem ser decididos por você não estarão aguardando até a sua volta.
Medo de perder o emprego
“E se empresa descobrir que não faço falta e que uma pessoa que ganha menos pode fazer o mesmo trabalho?”; “E se entenderem que não sou tão bom quanto penso que sou?”. Este tipo de pensamento é mais comum do que parece, principalmente porque as empresas tem se estruturado de forma a fazer mais com menos, muitas vezes cortando cargos e acumulando funções. Desta forma, algumas podem entender que o colaborador que não tira férias é um profissional muito dedicado à empresa.
Você tem certeza de que tem se dedicado completamente a agregar o máximo a sua organização e feito o seu melhor? Se sim, isso não precisa ser uma preocupação. Se, pelo contrário, cada dia na empresa é apenas um dia a menos para o pagamento no fim do mês, a preocupação deveria ser com a permanência na empresa e não com as férias. Mas lembre-se, dedicar-se não significa necessariamente trabalhar mais, mas trabalhar bem. Peça feedback regularmente. Cada um de nós é responsável por sua carreira e desenvolvimento, e não a empresa.
Independente do motivo, deveria ser um consenso: as férias (desde que bem aproveitadas) nos tornam pessoas e profissionais muito melhores. E as empresas precisam de colaboradores assim.





domingo, 31 de julho de 2011

Criatividade para encantar

A internet nos possibilita ir muito mais longe do que já fomos e estar com muito mais pessoas do que já estivemos, tendo todos os tipos de experiências virtuais possíveis, dependendo apenas de um clique. Porém, talvez um dos maiores desafios para as empresas e profissionais esteja em conciliar o virtual com o real, oferecer conteúdos relevantes e criar relacionamentos que tenham continuidade “no mundo lá fora”, usando as ferramentas de mídias sociais para esta interação.

Mas com planejamento, criatividade e dedicação pode ser possível. Um exemplo disso aconteceu no último dia 21, semana do Dia do Amigo, quando recebi no trabalho um presente inusitado da Alessandra Passini Sander, arquiteta por formação, mas chef e blogueira por um destes impulsos que o destino nos dá. Ela criou o  blog Pilotando um Fogão (http://www.pilotandoumfogao.wordpress.com/), com mais de 13.000 visitas, onde coloca quase que diariamente uma receita nova, provada e aprovada por ela e pelo marido (ou maridex, como ela costuma se referir ao feliz ajudante que certamente não reclama de ter que saborear as receitas para dar o veredito).

O regalo consistia em o um pote de vidro, bem enfeitado e com vários ingredientes em camadas, com a logomarca do seu blog. Foi uma surpresa muito bacana e achei bem criativa a combinação dos ingredientes (farinha, aveia, m&ms, gotas de chocolate, nozes, dentre outros). No começo não entendi, mas decidi que o mimo ficaria bem na bancada da cozinha. Porém, virando o pote, encontrei a seguinte frase: “Amigos especiais merecem uma lembrança especial. Vejam no blog como fazer para transformar esses ingredientes”.





Simplesmente genial! Um presente, onde pessoas que seguem o blog, poderiam colocar a mão na massa e completar a “obra-prima”, que agora estaria sendo concluída à 4, 6, 8 mãos... ou seja, transformando o virtual em real e fazendo diferença na vida das pessoas. A minha tarde de domingo, posterior a esta surpresa, foi muito agradável, pois minha mulher e eu colocamos a receita em prática e trouxemos “vida” aos cookies. Por sinal, vida curta, já que foram rapidamente degustados e aprovados pela família. Lamentavelmente, não pelos amigos, pois para isso teriam que ter sobrado, fato que não aconteceu.


Este episódio me trouxe algumas reflexões em relação ao relacionamento das empresas com seus clientes. Será que estamos realmente preparados para nos comunicar, reconhecer e valorizar nossos clientes e fazê-los ter experiências inesquecíveis com nossa marca, nossos produtos e serviços a ponto de tornarem-se fãs de nossa empresa?  Quantas vezes felicitamos pelo aniversário ou data de fundação (no casos de clientes corporativos), enviamos informações relevantes ao negócio do cliente ou ligamos para outro motivo que não vender alguma coisa?

Há bem pouco tempo atrás um cliente satisfeito divulgava o fato para uns 5 amigos, conhecidos ou familiares. Insatisfeito, relatava para em média 15 pessoas. Hoje, com as mídias sociais, essa regra deixou de existir e a insatisfação pode alcançar milhares de pessoas na rede. Estamos cheios de exemplos atuais sobre isso. A notícia boa é que a experiência positiva e o encantamento faz com que os fãs também a compartilhem com toda a sua rede de relacionamento. Virtual ou real. Afinal, cada vez mais estes dois universos se aproximam, se misturam e se confundem.

Quantos clientes não estão por aí prontos para serem surpreendidos, encantados e loucos para dizer para todo mundo como o seu atendimento é diferenciado? Talvez ele só espere uma experiência e uma oportunidade para isso.





Nos próximos posts, pretendo navegar um pouco mais por este tema.
Até lá.

domingo, 19 de junho de 2011

Viagens

Não sei se esta forma de interpretar as viagens começou ainda na adolescência, viajando com meu pai (representante comercial) por todo o interior do RS, ou na época de estudante, em Santa Maria, quando pegava carona para ir para casa da família em Rosário do Sul ou para visitar a namorada (hoje esposa), em Taquara, há uns 350 km, o que me proporcionou conhecer muitas pessoas e histórias e viver as mais diversas situações, por vezes engraçadas, por vezes emocionantes.

De alguns anos para cá, por conta de minha profissão, sendo responsável por equipes e parceiros comerciais dispersos geograficamente no estado, viajo bastante, percorrendo alguns quilômetros de asfalto a cada mês. Com o tempo acabei fazendo um acordo com a estrada: eu respeito os seus e os meus limites e ela me proporciona momentos de reflexão, estando sozinho ou mesmo podendo compartilhar da viagem com mais pessoas. Nestas ocasiões, sempre existe a possibilidade de conhecer mais o outro, sua história, motivações e aspirações.

Uma destas histórias bacanas aconteceu há alguns dias atrás, na volta de nossa convenção anual de vendas com nossos parceiros comerciais e alguns membros da equipe, em SP. Depois de uma maratona de palestras e apresentações de alto nível,  restava muitas insights interessantes e várias ideias a implementar, mas também algum cansaço físico, resultado de 3 dias de uma intensa convenção.

No entanto, no aeroporto, tivemos a confirmação de que todos os voos para o RS haviam sido cancelados em virtude das cinzas do vulcão no Chile. Eram quase 18h do dia 09/06/2011. Tínhamos que buscar alguma alternativa, pois passar a noite no aeroporto estava entre os últimos planos de todo o grupo de 28 pessoas que formavam a “delegação”. Logo, tudo indicava que as próximas horas seriam longas.

Porém, neste momento começou o que considero uma série de lições de administração, as quais acredito que vale a pena registrar:

Estratégia
Tínhamos nas mãos uma organização sendo formada, com objetivos a serem definidos. Precisávamos de uma estratégia. Esta, que serve para posicionar a organização de forma a sobreviver às diferentes variáveis impostas pelo mercado, garantindo sua continuidade no tempo, com definição de atividades e competências para entregar valor de maneira diferenciada às partes envolvidas, serviria para balizar nossas ações. O aparente caos aéreo pareceu representar bem o caos do nosso mercado e a competitividade existente nele, com a imposição de tempo e recursos.

Planejamento
Os recursos eram escassos, não havia hotel disponível por perto e mesmo que se conseguíssemos hospedagem ou que todos ficassem no aeroporto, não havia a certeza que de que iríamos embarcar na manhã do dia seguinte. Era necessário pensar em alguns cenários: buscar hospedagem em hotel? Tentar um voo para um estado onde os aeroportos não estivessem fechados? Alugar 6 carros em SP e voltar dirigindo? Pegar um ônibus até um estado mais próximo e de lá alugar os carros? Fretar um ônibus exclusivo? Assim como decisões nas empresas, todas as possíveis saídas envolviam uma análise do orçamento, tempo, benefícios, conhecimento do ambiente e fornecedores, negociação e a análise do risco e dos possíveis reflexos da decisão.

Liderança
Além dos líderes formais, surgiram os líderes situacionais que prontamente reuniram ideias para buscar soluções, delegaram tarefas, dividiram as funções e administraram a ansiedade. A nosso favor a conexão, de todas as formas: celulares, smartphones, modems e tablets. Alguns membros usavam estes recursos para procurar contatos de empresas de ônibus, outros contatavam a agência e hotéis da cidade. Outros se ofereciam para ajudar em alguma coisa. Alguns buscavam informações sobre andamento das negociações e das novidades, para comunicar aos demais. Uma decisão tinha que ser tomada e muitas pessoas dependiam disso. A decisão tomada e acordada pela maioria foi de que voltaríamos todos juntos, de ônibus, de SP a Porto Alegre.

Negociação
Para fretar um ônibus exclusivo, seriam necessárias algumas horas para formalização da viagem junto aos órgãos de trânsito, logo a viagem deveria ser com ônibus de linha. Assim que identificadas as empresas que tinham itinerário interestadual, começaram as negociações para que a empresa disponibilizasse um veículo extra, e qual fornecedor conseguiria atender com o preço adequado, melhor qualidade possível e principalmente no menor tempo, já que todos estavam ansiosos para retornarem a suas casas.

Motivação
Esta viagem levaria normalmente apenas 1h30 para acontecer, porém, agora, teríamos perto de 16h pela frente. Ainda assim, todos comemoraram. Parece um tempo longo quando se quer chegar, mas foi tempo suficiente para estreitar relações, alinhar perspectivas e fazer com que um grupo de pessoas pudesse cooperar em prol de um mesmo objetivo, crescendo, se envolvendo e escrevendo juntos uma mesma história.

Confiança
Em todas as paradas para as refeições viam-se rostos cansados, cabelos desgrenhados e roupas amarrotadas. Mas em nenhum momento houve alguma manifestação de arrependimento ou questionamento da decisão, mas sim o entendimento que, assim como muitas decisões difíceis do dia-a-dia, esta partiu de um propósito visando o melhor para todos. A confiança nos líderes também aqui se mostrou fundamental.

Integração
A chegada foi comemorada com aplausos e abraços, deixando uma grande certeza: a de um time mais unido, juntos nas adversidades e nas comemorações, vivenciando algo novo e compartilhando uma sensação que pode ser dividida até mesmo com quem não estava no evento.
O time que retornou desta viagem estava muito mais forte e confiante em sua capacidade de superação.





“O que eu escuto, eu esqueço
O que eu vejo, eu lembro
O que eu faço, eu aprendo.”
(Confúcio)

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Intra-empreender


Provavelmente você, assim como milhares de brasileiros, também sonha em ter sua independência financeira através de seu negócio próprio, mas esbarra em algumas dúvidas, tais como: que tipo de negócio? Será que estou preparado(a)? Por onde começar? Com que capital? Para que tipo de cliente? Tenho o conhecimento necessário sobre o produto/serviço ou mercado? Mas se não der certo? E por aí vai...





Porém, empreender não diz respeito apenas a abrir um novo negócio e se aventurar no mundo das grandes responsabilidades empresariais. Também está ligado à habilidade de perceber as oportunidades onde a maioria das pessoas não as vê, dentro da própria empresa em que se trabalha.

 Profissionais com estas características são chamados de intra-empreendedores ou empreendedores corporativos. O que os motiva é desenvolver novas idéias e implementá-las, aproveitando esta oportunidade para se desenvolver e gerar soluções com as ferramentas e estrutura que a empresa oferece e diferenciando-se.

A imagem do empreendedor como a figura revolucionária que mudará o mundo com idéias fantásticas deve ser desmistificada, pois pode tornar-se sinônimo de frustração se aquela incrível idéia não vem. Esta pressão nos torna menos produtivos e menos receptivos a novas idéias. Todos nós, em maior ou menor grau, temos capacidade de criar, de inovar, de pensar diferente. Esta é uma habilidade que precisa ser constantemente exercitada, desenvolvida. Para isso, é necessário ter os objetivos definidos (já falamos sobre isso em posts anteriores), estar com a cabeça aberta e ter um ambiente que promova o surgimento de novas idéias.

Tenha sempre em mente que:


Você tem potencial: podemos dizer que potencial é uma habilidade ainda não utilizada, aquilo que você pode fazer, mas não fez. Idéias estão aí na sua cachola fervilhando e esperando ansiosas pela hora de vir à tona e conhecer o mundo real. Não sufoque este potencial, mas resgate e liberte-o.

Coisas simples fazem a diferença: nem tudo que é bom precisa ser complicado. Pelo contrário, depende da aplicabilidade que ela tem. A correria do dia-a-dia também nos impede de contemplar as coisas mais simples. Observe o seu ambiente! Um tal engenheiro suíço chamado Georges de Mestral, muito curioso, ao fazer seu trajeto para o trabalho pelas manhãs, percebeu que carrapichos (não estou falando daquela banda de Manaus, sucesso dos anos 90, mas um tipo de semente espinhosa de certas plantas) ficavam grudados em sua calça. Ao observar mais de perto, entendeu como isso acontecia e decidiu reproduzir a técnica: assim nascia o velcro. E essa é apenas uma pequena história sobre coisas que foram criadas nascendo da observação e da simplicidade.

É preciso acreditar na possibilidade: você conhece pessoas que só pensam que tudo pode dar errado, que não vai funcionar ou que já se tentou antes e não funcionou? Você já viu alguém com esta postura se destacando e realizando seus sonhos? Obviamente não, pois estas pessoas são paralisadas pelo seu próprio pessimismo. Elas são incapazes de levar adiante qualquer coisa que começam, pois a acomodação e o medo de sair da zona de conforto falam mais alto. Fuja delas! Esta é uma opção de vida que não precisa ser a sua.

Mais algumas dicas para se aventurar no mundo dos intra-empreendedores:

  • Crie um ambiente propício à inovação;
  • Aprenda sempre e estar aberto para novos conhecimentos constantemente;
  • Entenda as necessidades de seus clientes e potenciais clientes (leia-se também: áreas internas da companhia, com que se relaciona);
  • Fortaleça sua rede, pois assim terá mais pessoas conhecendo a apoiando suas ideias;
  • Busque novos desafios, propor, estar à disposição para assumir projetos, por exemplo;
  • Não se acomode (a acomodação é a inimiga da criação);
  • Seja determinado (a única certeza que temos ao sair de casa é que ouviremos vários “nãos” durante o dia. Cabe a nós fazermos a diferença, entendendo que a cada “não”, estamos mais perto de um “sim”);
  • Esteja de olho nas novidades e nas tendências, tentando antecipar-se;
  • Seja crítico (o que não quer dizer criticar tudo!) para perceber o que poderia ser feito de outras formas;
  • Não tenha medo de errar (risco calculado);
  • Seja persistente, não desistindo na primeira dificuldade. É persistindo que se chega ao topo!
  • Faça o que deve ser feito;
  • Comemore todos os pequenos avanços, as pequenas vitórias, isso nos dá motivação para buscarmos as grandes;

Procuro pensar que para empreender em qualquer projeto pessoal ou profissional, é preciso coragem para se livrar dos medos, dos modelos mentais, que nos impedem de crescer ou, muitas vezes, de dar o passo mais importante: o primeiro.

Pode ser que ao fazer uso de suas potencialidades, gerando e gerenciando ideias, implementando-as e aprendendo com as mudanças, compartilhando soluções e desenvolvendo relações, possa trazer experiência, conhecimentos e, por que não, recursos, para responder a todas aquelas perguntas do início do texto e isso acabe impulsionando você a realizar seu sonho.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Tem um minuto? Parte II

Como mencionei na primeira parte deste post, talvez não estejamos plenamente satisfeitos com nossa carga de trabalho. Particularmente, acredito que por mais que a delegação seja importante (e certamente é) não conseguimos diminuir o nível de responsabilidades e atividades as quais estamos envolvidos, pois à medida que delegamos, acompanhamos, implementamos e resolvemos, imediatamente substituímos a atividade por outra (ou várias) tão ou mais urgentes do que a anterior. Em outros casos, em determinadas atividades, nem é possível delegar, ou seja, as tarefas e responsabilidades dependem apenas de você.

Então como podemos agir em relação a isso? Devemos nos conformar? Aliás, vale à pena continuar dedicando um recurso tão precioso que temos com algo que não nos agrega e, pelo contrário, apenas nos consome e compromete nossa vida, nossas relações e por vezes, nossa saúde?

Antes de responder, convido você a parar para pensar nas seguintes questões em relação à função, cargo ou papel que exerce:

Ø Desempenho esta atividade por que realmente gosto e acredito ou por falta de opção?

Ø Qual o meu verdadeiro propósito (dinheiro, carreira, conhecimento etc.)?

Ø Sou bom e me dedico a minha função? Procuro ser cada vez melhor?

Ø Conheço bem meu trabalho? Sei o que a empresa, chefe, pares e subordinados esperam de mim? E o que eu espero de mim?

Ø O que faço me realiza como pessoa e profissional?

Ø Consigo me ver ascendendo na empresa ou em outros projetos de vida, através do trabalho ao qual me dedico?

Pode parecer que nada disso tenha a ver com gestão do tempo, mas na minha opinião tem muito, pois se não soubemos responder ou se respondemos negativamente a maioria destas perguntas, provavelmente estamos jogando fora nosso tempo e com isso parte de nossas vidas, esquecendo de quanta vida deveria existir naquilo que fazemos. E assim, não fazemos com paixão. E quando não fazemos com paixão, não estamos vivendo o agora, apenas preenchendo o tempo com mais tarefas vazias que não trazem sentido algum a nossas vidas e a dos outros. Desta forma, estamos fadados a terminar nossos dias com a sensação de que nada foi realizado. Talvez, porque de fato não foi mesmo.

Esquecemos de alguns requisitos importantes para o desempenho de nosso trabalho, como prazer, ou seja, gostar do que fazemos e ver nisso um propósito; aceitação, que é entender que nem tudo que fazemos nos dará prazer, porém são peças importantes para conclusão de nosso objetivo; e entusiasmo, ou “ter Deus dentro de si” e que dá sentido e significado a tudo que fizermos.

Falando nisso, quando não vemos sentido ou não tratamos de gerar sentido no que fazemos, o tempo (aquele mesmo tão necessário e cada vez mais em extinção) pode ser usado para propósitos menos nobres como envolvimento com boatos ou fofocas ou para criticarmos a gestão, mesmo que não tenhamos idéias ou sugestões de melhoria, gastando assim tempo e energia que poderia ser empregado para alavancar resultados, idéias, projetos, enfim, para alavancar a empresa e por conseqüência a carreira.



Hoje estamos envolvidos com muitas atividades, a maioria ao mesmo tempo. Abrimos muitas janelas simultaneamente (ironicamente, e perdoem o trocadilho, às vezes sem olhar para a paisagem do lado de fora da janela). Somos multitarefa, multifacetados, multimídia, multiconectados. Porém, todavia, contudo e entretanto, todos nós temos a mesma quantidade de tempo: 60 segundos cuidadosamente distribuídos em cada minuto. E ele é mesmo assim para todos, escoando pelos ponteiros do relógio, de forma apressada ou lenta, nos mesmos 60 minutos por hora, 24 horas por dia, 365 dias por ano, totalizando inegociáveis 31.536.000 segundos por ano (para efeitos didáticos, propositalmente ignorei os bissextos).

Mas afinal, como decidimos gastar este tempo  com as coisas as quais nos dedicamos e quantos segundos são necessários para que nos demos conta disso? Ou seriam anos?

O tempo continua passando...


Ah, antes que você me pergunte por que dividi este tema em duas partes, eu explico: pensei que como o texto ficou um pouco longo, talvez você não tivesse tempo para ler.
Pensei até mesmo em escrever uma terceira parte, mas para falar a verdade, já é um pouco tarde da noite, e eu preciso de um pouco de tempo para mim. Você pode me emprestar alguns minutos?

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Tem um minuto? Parte I


“Quando se vê, já são seis horas!
 Quando se vê, já é sexta-feira…
 Quando se vê, já terminou o ano…
 Quando se vê, perdemos o amor da nossa vida.
 Quando se vê, já passaram-se 50 anos!
 Agora é tarde demais para ser reprovado.
 Se me fosse dado, um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio."
                                                                      Mario Quintana




Às vezes você não tem a impressão de que o tempo anda passando muito depressa e que antes, nos “velhos tempos”, ele demorava mais a passar?

Esta pergunta, na verdade é relativamente fácil de responder e comum a todos nós. Acredito que todos temos a sensação de que estamos trabalhando um pouco a mais do que deveríamos. Mas será que existe, em curto prazo a perspectiva de mudança ou o trabalho tende a aumentar, ampliando nossa carga de stress, comprimindo o tempo e deixando-nos ainda mais com a sensação de que as horas estão encolhendo?

São muitas as distrações cotidianas que estão a nossa espreita em anúncios no rádio, televisão, carros de som, vendedores ambulantes, panfletos, o malabarista da esquina, o menor que pede um trocado no semáforo, o gentil rapaz que pede uma gorjeta pelo carro “bem cuidado”, os outdoors, os jornais e revistas expostas no jornaleiro, seus filhos e cônjuge, sua família e amigos, o “compre isso, compre aquilo”, “mas não é só isso, se ligar agora você ganha também...” , o “amanhã e só amanhã no...”

E no ambiente de trabalho temos diversas situações que denominamos “ladrões de tempo” ou “disperdiçadores”. Muitas delas existem por falta de método de trabalho e de priorizações.  Muitos são os disperdiçadores, como telefone, reuniões pouco objetivas, interrupções, comunicação deficiente etc. Um exemplo clássico é quando te abordam com a fatídica “Você tem um minuto?”, quando sabemos na prática que nunca é só um minuto, mas geralmente uma coleção deles, o que nos faz refletir posteriormente sobre nossa inveterada capacidade de aceitar muito mais do que podemos fazer realçado pelo medo de dizer “não”. Sem falar do bombardeio de informações, de perguntas e respostas que se multiplicam na caixa de um Outlook qualquer, preenchendo lacunas de um “Cc...” (Copiar a todos) e se proliferam gerando mais perguntas e mais respostas, nos mantendo presos a uma rede de soluções inesgotáveis para infindáveis problemas. Acabamos, então, nos sentindo culpados por não conseguirmos dedicar toda a atenção às pessoas que precisam ou merecem que as dediquemos este tempo (e com quem aprenderíamos muito).

Não é de se estranhar que a ansiedade esteja tão presente em nossas vidas. Esta, de mãos dadas com a sensação de não conseguirmos dar conta, nos desgasta e nos faz estender o horário de expediente para cumprir com as demandas e ainda assim chegar em casa já pensando nas coisas que ficaram pendentes, e em como poderemos resolvê-las no outro dia. Dia este que novamente chegará e com ele trará uma série de novas situações que exigirão nossa atenção. E nosso tempo. E neste círculo vicioso, gera-se stress, frustração, angústia e dúvidas, limitando nosso poder criativo.

Há alguns dias presenciei um diálogo assim:

- E então, você conseguiu se inscrever naquele curso promovido pela empresa sobre gestão do tempo?
- Não. Infelizmente não deu.
- Mas você não me disse que estava com muita dificuldade com isso?
- Sim, mas é que não deu tempo.

O que me questiono é se temos mesmo falta de tempo ou falta de foco. E quando falo de foco, refiro-me a tudo que sobra quando eliminamos o que não tem (tanta) importância.


 

Escutei certa vez uma ideia sobre a vitória à qual concordo plenamente. No exemplo, um lutador dizia que não ganhava a luta no ringue. Lá ele apenas era reconhecido. A vitória acontecia durante todos os anos em que se preparava para o combate. Por isso, acredito que fazer o que se gosta ou gostar do que se faz pode ajudar a nos manter focados no nosso projeto, pois  quem tem propósito e se prepara para isso, busca excelência constantemente em tudo o que faz e não tem tempo a perder com picuinhas e coisas pequenas, pois pensa grande e prioriza suas atividades, dedicando energia para aquilo que realmente importa e que trará resultados para todos os envolvidos.

Ao encontrarmos uma atividade que gostamos poderemos até mesmo trabalhar mais, mas com muito mais dedicação, motivação, afinco e paixão. Deste modo, acredito que a questão tempo não é um problema, mas um dilema. Problemas podem ser resolvidos. Dilemas, administrados. Com mais trabalho, mas com foco, diminuiremos a sensação de perda de tempo.

Quando deixamos qualquer coisa nos tirar do foco, corremos o risco que todas as coisas o façam.